Juíza de Olinda acata denúncia contra trio acusado de canibalismo

A juíza titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Olinda, Maria Segunda Gomes de Lima, acatou a denúncia oferecida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) contra Jorge Beltrão Negromonte da Silveira, Isabel Cristina Pires da Silveira e Bruna Cristina Oliveira da Silva. Os réus são acusados de assassinar e ocultar o cadáver de Jéssica Camila da Silva Pereira, em 2008, em Olinda. Eles também respondem pela morte de duas mulheres em Garanhuns, no Agreste do estado. A defesa tem dez dias para se pronunciar sobre as acusações a partir da data de notificação.

A juíza também decretou a prisão preventiva do trio, que já está preso interior de Pernambuco em função do processo na 1ª Vara Criminal de Garanhuns. Isabel e Bruna estão na Colônia Penal Feminina de Buíque, no Sertão. Jorge Beltrão está no presídio de Pesqueira, no Agreste. Eles serão intimados para comparecer perante a Justiça por meio de cartas precatórias.
O recebimento da denúncia foi assinado pela magistrada no dia 2 de julho. No processo, os três respondem por ocultação de cadáver e homicídio quadruplamente qualificado - por motivo fútil, meio cruel, sem dar chance de defesa à vítima e para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade de outro crime.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, os acusados teriam assassinado e ocultado o cadáver de Jéssica, que tinha 17 anos na época, em maio de 2008, no bairro de Rio Doce, em Olinda. O acusado Jorge Beltrão teria golpeado com uma faca o pescoço da vítima e, em seguida, esquartejado o corpo, acondicionando-o na geladeira para consumo entre eles.
Homicídios em Garanhuns
Jorge Beltrão, Isabel Cristina Pires e Bruna Cristina Oliveira já respondem a um processo na 1ª Vara Criminal de Garanhuns pela morte de duas mulheres com requintes de crueldade. Em denúncia do MPPE recebida pelo juiz José Carlos Vasconcelos Filho, no último dia 10 de maio, o trio é acusado de duplo homicídio triplamente qualificado, estelionato, falsidade ideológica, falsificação documental e ocultação de cadáver. O magistrado decretou a prisão preventiva dos três réus. O processo corre em segredo de Justiça.
Segundo o Ministério Público, os três assassinaram as vítimas Gisele e Alexandra retalhando seus corpos, que foram ocultados no quintal da casa dos acusados. Os autos do processo informam que os réus faziam do ritual de sacrifícios fato corriqueiro em suas vidas. A denúncia aponta, ainda, que eles comiam a carne humana e a colocavam em empadas e salgadinhos que eram vendidos para os moradores de Garanhuns e também de Caruaru. Bruna Cristina ainda é acusada de usar o nome falso de Jéssica Camila.
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A Polícia Civil apresentou as conclusões do inquérito que investigava o trio no dia 5 de junho, quando foram indiciados pelas mortes em Garanhuns e Olinda. "Eles confessam os três crimes. O da menor, em Olinda, eles negaram no começo, depois acabaram por admitir", disse o delegado Osvaldo Moraes, na época. Segundo o Ministério Público de Pernambuco, ao todo, o trio confessa nove mortes.
O crime de Garanhuns foi descoberto em abril deste ano, quando a polícia encontrou os corpos enterrados no quintal dos acusados, que formavam um triângulo amoroso. As duas mulheres estavam desaparecidas. O cartão de uma das vítimas foi usado pelo trio, o que levantou a suspeita da polícia. Foi a criança que morava com eles que contou sobre as mortes e os rituais. Livros encontrados na casa também esclareceram detalhes sobre os assassinatos.
A menina é filha da vítima que teria sido assassinada pelo trio em 2008, antes deles irem para Garanhuns. A filha dela, de cinco anos, teria sido levada pelos suspeitos e criada com eles. No dia 16 de maio, foram divulgados os exames da DNA da menina, que comprovaram o parentesco. A informação foi confirmada pela juíza Maria Betânia Duarte Rolim, que estava respondendo cumulativamente pela Vara Regional da Infância e Juventude de Garanhuns. O avô da criança disse que iria lutar pela guarda da neta. Uma tia também estaria interessada.