OUVIDORIA POPULAR

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Empregada diz que empresário estava com comportamento estranho

A mulher que trabalhava como empregada doméstica na casa do empresário Sérgio Falcão prestou depoimento na manhã desta quinta-feira (30) na sede do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa e afirmou que a vítima agiu de maneira que fugia ao seu normal no dia de sua morte. O empresário, que tinha 52 anos, foi encontrado morto no prédio de luxo onde morava, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, na última terça (28). Câmeras do edifício registraram a entrada e saída do ex-segurança do empresário, principal suspeito, no dia do crime.
Os detalhes do depoimento e do andamento das investigações foram dados em uma coletiva de imprensa na sede do DHPP com a presença do delegado Wagner Domingues, a frente do caso, da delegada Vilaneida Aguiar, que assume o caso a partir desta sexta (31), o gestor do DHPP, Casemiro Ulisses, além de dois peritos, um papiloscopista, Marcio Mendes, e outro criminal, Sérgio Almeida.
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O delegado afirma que o depoimento da empregada auxiliou a saber quando aconteceu o fato, o comportamento da vítima, o relacionamento dela com outras pessoas e quem tinha acesso ao apartamento. "O empresário estava tendo atitudes que fugiam a regra naquele dia. Ela relatou que ele não costumava atender o interfone, mas no dia ele atendeu e pediu para essa pessoa subir. Ele fechou uma porta que isolava o escritório da área de seviço, pediu privacidade, que ela não entrasse nem batesse na porta", explica o delegado.
A mulher contou ainda que o empresário era uma pessoa muito reservada e que, mesmo trabalhando há dois anos na casa, sabia muito pouco sobre a vida pessoal dele. "Ela não sabia quem era essa pessoa que subiu, nem reconheceu a voz. Ela não chegou a vê-lo, quem atendeu a porta foi a própria vítima. Informações preliminares, que ainda não estão nos autos, dão conta de que ele fazia segurança, trabalhava periodicamente para a vítima, que não tinha uma vigilância constante. O empresário usava esporadicamente segurança para fazer um saque", detalha Domingues.
A empregada teria ouvido um barulho que parecia com um móvel sendo arrastado e depois caindo, mas não teria dado importância. Um rapaz chegou para entregar a roupa da lavanderia, ela abriu a porta e pegou parte da roupa para levar até o quarto. Foi nesse momento que ela teria visto uma gota de sangue no chão e olhado para o quarto, vendo o empresário caído. "Ela achou que ele estava desmaiado, por isso chamou o rapaz da roupa. Ele foi o primeiro a entrar no quarto e ver que a vítima estava morta", afirma Domingues.
Em seguida, a mulher teria chamado os dois porteiros do prédio. A polícia desconhece se eles chegaram a entrar no local, mas foi apenas depois que eles subiram até o apartamento que as autoridades foram acionadas. "Vamos ouvir todas essas pessoas. Seria muito bom ouvir quem foi o primeiro a encontrar o corpo", diz o delegado.
Homicídio ou suicídio?
As duas hipóteses estão sendo estudadas pela polícia com igual peso. "É 50% para cada. A gente só vai poder definir que linha adotar depois dos laudos papiloscopistas e do Instituto de Criminalística, além de outros resultados da investigação. O trabalho da perícia é fundamental, os depoimentos também são importantes, mas nesse caso a gente precisa essencialmente das provas periciais", explica o delegado.
Resultados preliminares da perícia do Instituto de Identificação Tavares Buril (IITB) dão conta de que os seis fragmentos de digitais encontrados no apartamento não eram da vítima. "Ainda vamos fazer um estudo para saber de quem são essas digitais. Acredito que em até dez dias conseguimos terminar a nossa parte", afirma Márcio Mendes.
A arma do crime ainda não foi encontrada, mas a empregada afirma que nunca viu uma pistola no apartamento. "Ela tinha acesso a todos os cômodos da casa e nunca viu uma arma no local. Ela desconhecia também algum lugar onde a pistola poderia estar escondida", diz o delegado.
O laudo de resíduo de chumbo nas mãos da vítima já foi feito, mas o Instituto de Criminalística afirmou que só vai fornecer o resultado quando terminar os outros estudos que estão sendo feitos para desvendar o que aconteceu no apartamento. "Esse resultado está em reserva para não gerar uma expectativa. Estamos aguardando o conjunto de provas para que não haja uma tendência do caso. É um caso complexo que envolve variáveis. O local não foi violado, os vestígios estão lá para ser estudados. Esses detalhes a gente não vai revelar para não causar uma expectativa maior", avisa Sérgio Almeida. O laudo do IC deve levar ainda 15 dias para ser divulgado.
O segurança, principal suspeito na linha de investigação de homicídio e a provável pessoa que presenciou a morte, deve se apresentar na próxima semana. Apesar da pouca qualidade da câmera, o delegado reafirmou que o homem estava nervoso ao entrar no elevador e que teria escondido algo embaixo da camisa. "Não podemos afirmar que é uma arma porque a qualidade da câmera não é muito boa. O que podemos dizer é que ele ficou 19 minutos no apartamento", diz Wagner.
Os próximos passos da polícia serão ouvir parentes da vítima, além dos porteiros do prédio.
O caso
O empresário Sérgio Barros Falcão foi encontrado morto em seu apartamento, na Avenida Boa Viagem, área nobre da Zona Sul do Recife, no começo da tarde da terça (28). As câmeras de segurança do prédio mostraram o ex-segurança do empresário, um policial militar reformado, chegando de moto ao local e subindo para o apartamento.
A empregada, que estava na casa, disse à polícia que foi trancada na cozinha e ouviu uma discussão e um barulho que, a princípio, não associou a tiro. As câmeras mostraram também o ex-segurança deixando o apartamento e colocando uma pistola na cintura.
O corpo foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, nesta quarta (29). A família pediu que os jornalistas ficassem distantes.
Sérgio era dono da construtora Falcão, com atuação em Pernambuco e Alagoas, empresa que, segundo a polícia, vinha atravessando problemas financeiros.

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